segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Kevin

Kevin é um garoto inescrupuloso e sem papas na língua. Ele não se importa de dizer o que pensa, por mais radical, liberal ou inconcebível seja. Seu pensamento é prático, os fins justificam os meios, e quanto mais fácil de chegar a ele for, melhor a saída. O rapaz tem nojo das pessoas, as tem por imundas. Crítico do universo, questiona qualquer coisa pré-estabelecida da maneira que deseja, rude, grosseira, despreocupada, ácida. É apaixonado pela ironia e pelo sarcasmo que beiram a indistinção da realidade. Deforma o mundo a sua volta conforme seus propósitos. Kevin tem um vício por sensações - ou melhor, por causar sensações. É egoísta e arrogante. Para ele, se o mundo passasse menos tempo se uniformizando e vivesse uma competição selvagem por conquista de espaço e manutenção do nicho ecológico de seus povos, certamente seria um lugar melhor e mais justo. Entedia-se com a defesa de seus pensamentos e logo parte para considerações não necessariamente suas, apenas por diversão, visando alimentar seu vício. Kevin é um enigma, boa sorte para compreender esse ser tão distinto. Pediu-me, gritou-me para participar de algum modo de meus projetos e cá está em meu blog. Espero que o leitor saiba diferenciá-lo de mim, ou posso ter alguns problemas. Esse é Kevin, não será um prazer. Em contato com ele, o conhecerão melhor.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Ela não

Todos aparentam muita coisa. Se apresentam ao mundo com tudo o que há de melhor na esperança de forjar uma imagem própria que o agrade. No fundo, desejam satisfazer-se com sua pessoa'. Parecem tanto, e são tão pouco... Ela não. Ela não é como o resto, não parece, não se apresenta, nem se parece... Ela é muito mais que aqueles jovens destemidos. Eles são sempre corretos - como é belo o politicamente correto, é chic, conceitual...uma moda. Esperam ansiosamente por aquela tirinha perfeita para o momento, a que contém as palavras certas, as quais querem cuspir por seus dedos, mas são incapazes. A tira vem, compartilha-se então. As curtidas, os comentários encorajadores... A satisfação dessas pessoas cresce, porém, mal sabe ela que cada um se mostra como o melhor, não há sinceridade. Ela não. Ela não se importa com essas coisas frívolas. Seus três anos de teatro de nada lhe servem, é transparente como o orvalho da manhã. As outras pessoas são  opressoras, irredutíveis, imutáveis, insatisfeitas - você cheira à frustração. Ela não. Ela é sensível, mansa, prática, flexível, sincera. Ela é quente. Em seu peito bate um coração forte, impulsionado por uma grande vontade de viver. Em sua cabeça há um cérebro de grande potencial. Em seu corpo existe uma alma delicada como nunca se viu. Eu a vi e logo senti algo quente por dentro de mim. Era eu - saudade de mim mesmo. Um sentimento de conhecimento mútuo, como se fôssemos conhecidos. Um amor pela amizade ainda inexistente me acometeu. Cada proibição foi como um empurrão para perto dela. Finalmente aconteceu. Agora, enquanto os outros passam suas vidas buscando a satisfação própria numa luta tão egoísta que poderia corromper suas personalidades fracas, estamos juntos e nada pode nos atingir. Enquanto esperam por suas tirinhas ou poemas bonitos para que sejam aprovados pelos outros e aprovem-se a si mesmos numa atitude narcisista, apaixonando-se cada vez mais por alguém que não nasceu... Ela não. Ela me escreve em papel reciclável de seu caderno de bolso e me presenteia com suas palavras as quais simples e descaradamente deixam transparecer seu sentimento. Neste momento, escrevo na busca de deixar bem clara a maneira como ela me encanta. Essa garota de olhos sentimentais e passado desconhecido conquistou o rapaz com cicatrizes, insensível e triste só por chegar. O conquistou com cada palavra em seu dialeto próprio e complicado por seus dentes incomuns. O conquistou em cada cochilo - sua baba na mesa refletia a vontade dele. O conquistou com seu jeito meigo. O conquistou porque está sempre disposta a aprender. O conquistou porque sabe esquecer. O conquistou porque o ouviu, temeu e, mesmo assim, o quis para si. O conquistou porque o ama. O conquistou no momento em que o rapaz menos queria contato. E esse garoto se aproximou quando ela já sabia se cuidar e controlar suas questões emocionais. O universo conspirou a favor dos dois...  Daquelas segundas e terças para o amor oito vezes por semana. Os outros são perfeitos, politicamente corretos, têm sempre as melhores expressões alheias para se expressar, propagam ideais de igualdade. São, descaradamente, grandes hipócritas. Ela não. Ela é descaradamente... ela. Conquistou-me porque não é coisa alguma além disso, que, para mim, é chic, um conceito e, certamente, não é moda.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Gratidão (Obrigado, Senhora)

Na certeza do amor incondicional de uma mãe é que fiz isso.
Obrigado, senhora.
De tua carne eu vim, então, que dela voltes a mim.
Do leite ao sangue - para alimentar aquele que sente fome.
Dentre todas as maneiras, não outra mais amável e natural, senão essa.
A mãe que dá a vida pelo filho, é normal, mas tu fizestes mais.
A coroa de espinhos te falta no momento em que tomo em nossas mãos
            o teu corpo e, involuntariamente, salivo.
Aquele que sente fome e não a supre, morre.
Animalesco e humano são palavras aparente opostas, porém complementares em explicar
             os descendentes de Adão e Eva, todos amaldiçoados.
Sou homem e tu és mais, és mãe, és Deus.
Em situação de pobreza tamanha, vejo-me fraco no inverno.
Encaro a face da morte pela desnutrição aguda, entretanto, felizmente,
              aparece este anjo, que, sem leite, dá sangue.
Obrigado, senhora, por tua carne alimentar a minha e ver em teu rosto,
              a última e maior expressão de amor.

Confusão Simbolista

Como em águas turvas e frias, uma atmosfera tenebrosa pesa sobre Meus olhos cansados. A realidade se funde ao que se espera dela e forja uns Outros alguéns. Pontos de fusão e Ebulição inconstantes, consoante a carga hormonal que Judia do meu coração e Desconfigura meu cérebro, essa mistura, Impura, essa conjuntura, que atina para o mal, bom, digo, será advérbio ou adjetivo? As vírgulas em seu sentido fazem-se  e desfazem-se, sou irresponsável. Metáforas e comparações são pouco complexas para definir a inexplicável ironia dos paradoxos e das antíteses, que se Misturam agora em uma confusão premeditada de figuras com a gradação de sentimentos tão bons que Maltratam todo o Meu corpo. Parágrafos e convenções são desnecessários quando tudo o que se pretende é jogar, misturar sensações e, se antes havia confusão, que haja então medo da vontade de se Perder e não Poder achar... Aquele que morre por conta dessa agitação segue, então,  a Ordem Natural da vida. Assim, minha saúde não é naturalmente aceitável, logo desfaleço em um simbolismo infinito de mais dez, mil Corações.

domingo, 10 de março de 2013

Saudade de mim

Olá, velho amigo, bem sabes que já tentei procurar tempo para ti, para mim... para nós. Há muito andei perdido, ainda não sei bem onde estou. Pelas poltronas de ônibus e ruas escuras tentei achar minha sombra dentre outras milhões. Tomei como posse uma de cada vez, testando e abandonando, acumulando e misturando... Em vão, nada foi encontrado, o que queria só me aparecia diante do espelho- ou melhor, pois o que se vê no espelho é o reflexo- diante de uma folha em branco. O único instante em que sei dizer quem sou é quando escrevo, transformo tudo em palavras e em suas curvas enxergo o meu caminho. As linhas funcionam como estradas, porém, não há placas que sinalizem o caminho... Minha letra é feia, torda e escapa dos limites, por vezes é até infantil... Mas é minha, e, por esse motivo tão especial. Este é um ano complicado, terei de tomar decisões difíceis em minha vida, as coisas mudam muito rápido e, na mesma velocidade, as pessoas passam por mim, acenam e se despedem.
Então, depois de ler "branco e livre (para ninguém)" , é isso, apenas... Saudade de mim.