quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Ela não

Todos aparentam muita coisa. Se apresentam ao mundo com tudo o que há de melhor na esperança de forjar uma imagem própria que o agrade. No fundo, desejam satisfazer-se com sua pessoa'. Parecem tanto, e são tão pouco... Ela não. Ela não é como o resto, não parece, não se apresenta, nem se parece... Ela é muito mais que aqueles jovens destemidos. Eles são sempre corretos - como é belo o politicamente correto, é chic, conceitual...uma moda. Esperam ansiosamente por aquela tirinha perfeita para o momento, a que contém as palavras certas, as quais querem cuspir por seus dedos, mas são incapazes. A tira vem, compartilha-se então. As curtidas, os comentários encorajadores... A satisfação dessas pessoas cresce, porém, mal sabe ela que cada um se mostra como o melhor, não há sinceridade. Ela não. Ela não se importa com essas coisas frívolas. Seus três anos de teatro de nada lhe servem, é transparente como o orvalho da manhã. As outras pessoas são  opressoras, irredutíveis, imutáveis, insatisfeitas - você cheira à frustração. Ela não. Ela é sensível, mansa, prática, flexível, sincera. Ela é quente. Em seu peito bate um coração forte, impulsionado por uma grande vontade de viver. Em sua cabeça há um cérebro de grande potencial. Em seu corpo existe uma alma delicada como nunca se viu. Eu a vi e logo senti algo quente por dentro de mim. Era eu - saudade de mim mesmo. Um sentimento de conhecimento mútuo, como se fôssemos conhecidos. Um amor pela amizade ainda inexistente me acometeu. Cada proibição foi como um empurrão para perto dela. Finalmente aconteceu. Agora, enquanto os outros passam suas vidas buscando a satisfação própria numa luta tão egoísta que poderia corromper suas personalidades fracas, estamos juntos e nada pode nos atingir. Enquanto esperam por suas tirinhas ou poemas bonitos para que sejam aprovados pelos outros e aprovem-se a si mesmos numa atitude narcisista, apaixonando-se cada vez mais por alguém que não nasceu... Ela não. Ela me escreve em papel reciclável de seu caderno de bolso e me presenteia com suas palavras as quais simples e descaradamente deixam transparecer seu sentimento. Neste momento, escrevo na busca de deixar bem clara a maneira como ela me encanta. Essa garota de olhos sentimentais e passado desconhecido conquistou o rapaz com cicatrizes, insensível e triste só por chegar. O conquistou com cada palavra em seu dialeto próprio e complicado por seus dentes incomuns. O conquistou em cada cochilo - sua baba na mesa refletia a vontade dele. O conquistou com seu jeito meigo. O conquistou porque está sempre disposta a aprender. O conquistou porque sabe esquecer. O conquistou porque o ouviu, temeu e, mesmo assim, o quis para si. O conquistou porque o ama. O conquistou no momento em que o rapaz menos queria contato. E esse garoto se aproximou quando ela já sabia se cuidar e controlar suas questões emocionais. O universo conspirou a favor dos dois...  Daquelas segundas e terças para o amor oito vezes por semana. Os outros são perfeitos, politicamente corretos, têm sempre as melhores expressões alheias para se expressar, propagam ideais de igualdade. São, descaradamente, grandes hipócritas. Ela não. Ela é descaradamente... ela. Conquistou-me porque não é coisa alguma além disso, que, para mim, é chic, um conceito e, certamente, não é moda.