domingo, 20 de maio de 2012

Por que não?

Faz alguns anos hoje, em minha mente. As coisas andaram meio sem controle, eu apenas não sabia mais como fazê-lo, entrando e saindo de moda..
Que saudade do meu alter ego em mim! Por que te disse adeus, bom amigo? Lembro-me de suas traições, mas nada imperdoável, meu caro. Suponho que tenha sido por escolha ou curiosidade, e tu bem sabes que isto me prejudica. É difícil ser o mesmo por quatorze anos, manter as mudanças favoráveis à (con)vivência.. nada a se discutir, sabemos tudo um sobre o outro e então, por que não?
Quando todos me deixaram, apresentou-se prontamente em meus escritos.. A transferência do alter ego é como procurar pela solução em todos os locais para problemas que nega estar em si e, na realidade, ambos estão são você. Nem toda a esperança se foi.
Volto a brincar com palavras, como bem quiser e (des)entender, criar imagens e figuras, com ou sem cores, livres ou acorrentadas, provenientes daquela seleta explosão eletromagnética.  Estás convidado, e então.. por que não?

segunda-feira, 26 de março de 2012

Ébrio também, resolve participar

Com tom de arrogância, insere-se na conversa o cavalheiro Baumann-
Vocês, meus pobres românticos, que não são capazes de sair de seus egos, o cêntrico e o ísta, não veem que se perdem em tanta subjetividade? Duvido de cada coisa dita hoje, de cada palavra que sai de suas bocas, adocicadas pelo vinho desses barris sujos. Suas histórias lascivas são motivo de escárnio do próprio Satã. Já eu, com lábios também açucarados, contarei uma da qual certamente duvidarão, porque é delírio de um cérebro contristado, que definha a cada gole. Porém, apesar dos seus atos macabros sendo expostos à esta mesa, devo dizer-lhes, cavalheiros, meu conto superará qualquer outro relato, pois, sendo pura elegância em sua simplicidade, fala de algo tão pequeno e corriqueiro como causa de uma morte que, ao sentirem sensação de longe parecida, tremerão dos pés a cabeça. Dessa maneira, tendo enchido meu copo, dou início...
Era uma sexta-feira diferente das outras e ele já pensava se este teria sido o pior dia de sua vida. Depois de um dia duro de trabalho recheado pela ansiedade oriunda da aproximação do final de semana, merecia mesmo tudo aquilo?
O início dessa semana foi marcado pela preguiçosa segunda-feira e seguem-se os os dias figurantes, terça quarta e quinta. No primeiro dentre os secundários, fora tomado por uma onda de papéis sobre a mesa de seu escritório. Eles consumiram suas horas como traças esfomeadas os consumiriam num porão escuro e úmido. No segundo daqueles dias, divertiu-se na "cela 14", como costumava chamar sua sala, atirando bolas de papel, cuidadosa e metodicamente amassadas por ele, no cesto de lixo. Nos momentos seguintes à sua saída do trabalho no mesmo período de 24 horas, pensou em como havia feito nada no tempo, que deveria significar tudo ou, no mínimo, boa parte disso. Aproximava-se a sexta-feira, porém faltava um dia figurante, a quinta, muitas vezes vivida como a primeira metade da sexta, mas com ele não ocorria o mesmo. Logo ao ser acordado pelo seu galo eletronicamente programado, foi tomado por um desânimo paralisante e decidiu-se a passar o resto do dia na cama, esperando por seu sucessor.
Era uma sexta-feira diferente das outras e ele já pensava se este teria sido o pior dia de sua vida. Depois de um dia duro de trabalho recheado pela ansiedade oriunda da aproximação do final de semana, merecia mesmo tudo aquilo? Assim que chegou em casa, pensou e julgou sabiamente que o que sentia era a pior sensação que já havia tido.
Fechou a porta com um coice feroz e atirou sua maleta por cima da mesa, acertando um vaso que caiu no chão, quebrando-se. Retirou os sapatos com os pés enquanto tentava alcançar suas costas. Esforços em vão. Estava piorando a todo momento, não poderia passar nem mais um minuto com aquele sentimento, tinha vontade de arranhá-las como nunca o fizera. Folgou a gravata para que pudesse respirar melhor ao mesmo tempo em que buscava por um objeto longo e afiado nas gavetas de sua cozinha. Abriu-as com desmedida força, derrubando os talheres e todos os outros artefatos culinários em seu piso de "shopping center", o que incomodou o seu vizinho do andar debaixo. Nada, nenhum dos que caíram servia. Pensou numa superfície áspera em seu apartamento, mas naquele momento de descontrole e irracionalidade não era capaz de pensar com clareza. Correu por todo o local berrando como louco, entretanto as paredes eram grossas e os moradores não podiam ouvir seus gritos de socorro berrados para ninguém. Chegando no quarto, pulou na cama e rasgou suas vestes, as veias saltavam em seu pescoço agora vermelho. Deitou-se e rolou de uma maneira que se assemelhava a um ataque epiléptico, em seguida vasculhou seu guarda-roupas procurando pelo presente que ganhara de seu brincalhão e despreocupado irmão mais velho e decepcionou-se por não encontrá-lo no local em que deixara. Enfurecido, arrancou uma das portas do móvel, partiu para os lugares em que acreditava tê-lo deixado, determinado a acabar com toda aquela agonia. Naquele momento, quem entrasse no apartamento poderia jurar que um grupo de paleontólogos o havia invadido cegos pela certeza da existência de um minúsculo e raro fóssil no imóvel. Estava desesperado, quando enfim encontrou o coçador de costas atrás da porta do banheiro. Com olhar e fala semelhantes aos de Smigol, de Senhor dos Anéis, deu início ao ritual de "coçassão". De maneira parecida à alguém que ingeriu ácido lisérgico dietilamida, teve alucinações das mais diversas coisas nas mais impossíveis combinações de cores. Nenhum orgasmo que já teve foi tão prazeroso quanto a sensação de "matar sua coceira". Caminhou pela moradia com os olhos fechados, cambaleava e ria loucamente. Passou por todos os ambientes de seu apartamento e, sem que percebesse, chegou a varanda de sua ampla sala de estar, rodopiando alegremente. Sentiu um vento forte em seu rosto, rodopiou mais depressa e, no momento em que abriu os olhos, já estava perto demais do chão para evitar um acidente.
E assim ele morreu, feliz, após cometer "um assassinato".

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Segredo

Ei, eu tenho um segredo, um sentimento que nasceu por uma troca de olhares e o passar de um anel. Agora, as noites não são mais frias; tempestades de palavras surgem em mim para te encantar, cada uma com sua própria melodia, entoando algo puro e verdadeiro. Mas têm inveja de ti, de tua beleza. Têm inveja pois são minhas e, mesmo assim, prefiro-te, em teu jeito meigo e pueril, prefiro-te em tudo. Eu sou um sonhador e tu, tu és aquela que me visita toda noite, jogando um feitiço, o olhar que penetra em minha alma e a leva consigo, pedaço a pedaço. Vivo o doce desprazer de uma saudade imortal, até o dia em que pegarei em sua mão e direi: "Ei, eu tenho um segredo."

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Folga de Nutpoia

Dias sem pensar, agindo por impulsos e necessidades, escolhas fundamentadas na falta de razão. Deus pôde fazer seu trabalho e, de certa forma, continua fazendo. É que está soando mais natural, um pouco de aceitação, quem sabe?
Uma fuga de Nutopia seria uma fuga de si mesmo, assim, é apenas uma folga.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Confusão em Nutopia

Os brulhos de meus pensamentos chegam silenciosamente na calada da noite. Abrem meus olhos para fora e os fecham para dentro. Gritos de uma criança interior ansiando por alguma paz de espírito abalam as estruturas de qualquer sentimento. As emoções não deveriam estar exatamente aqui, só bagunçam as coisas. Pego-me pensando no que passou, colecionando preciosos minutos de uma única vida para levá-los comigo por debaixo da terra. O discernimento já se foi há muito, saudades daqueles tempos. Correndo pelos corredores cinzentos, o caminho que encontro nunca é o certo, mas o que é errado? Avalanche de sinapses destroem-me, pare de gritar, criança! Nem me lembro mais como é brincar com meus brinquedinhos. Essa tem sido uma má viagem. As imagens em preto e branco do mundo real são muito coloridas para meu estado. "Não entendo o que se passa na sua cabeça", é o que me dizem. Por que sempre quanto tudo está tão bem encontro algo errado? Estou louco, criança? Só você tem as minhas respostas, tenho que encontrá-la.

Preso em Nutopia

Como é estar preso em Nutopia? O labirinto cerebral é grande, todo cinza para você enlouquecer, dando voltas e mais voltas por onde já passou. Ele se refaz a todo instante, diminuindo as possibilidades de sair. As palavras flutuam por todos os locais, qual é a certa? Milhões de imagens quebradas dançam para mim, sua ordem significa algo? Uma tempestade de pensamentos vem fazer minha noite em claro, seria ciúme dos meus sonhos? Procuro-me por todos os cantos, mas onde estou? O que me levou até aqui tem qual propósito? Estou só nessa aventura, ninguém mais pode me ajudar, sou eu vazio em busca de mim mesmo e, quando canso, simplesmente não posso mais voltar pelo mesmo caminho em que entrei. Tantas portas de entrada e nenhuma de saída. Uma gravidade mental poderosa me prende neste universo paralelo. Em posição fetal, imploro por algo que não conheço, por alguém que não sei quem é ou talvez até saiba.
Como se nunca tivesse nascido, assim é estar preso em Nutopia.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Nutopia

A liberdade plena não existe no mundo concreto, essa luta é caso perdido, barulho de quem é egoísta e clama por "seus direitos de libertinagem", como um infeliz e ignorante não cidadão (depende muito do caso, claro).
Não importa por onde andes, qual o caminho que escolhestes seguir ou o que diz a constituição do seu país, sempre estarás preso aos valores morais estabelecidos pela cultura de seus antepassados, que moldou o sistema social local atual. À medida que o ser humano cresce, a ética desenvolve-se para se contrapor à moral e esse conflito rouba-lhe anos de vida, tamanho o estresse vivido nestes instantes de dúvida. Ser livre no mundo convencional é impossível, isso só ocorre em campo abstrato.
Em uma entrevista, um paraquedista respondeu à pergunta "como se sente quando está no ar" com "é incrível, dá uma grande sensação de liberdade". Pobre homem, caso ocorresse como disse, a resistência do ar,  desprezada nos exercícios de física, não se faria presente no momento de salvá-lo da morte certa. Além disso, estava preso a uma grande força, a da gravidade, responsável pelo aumento significativo da aceleração com que seu corpo descia de encontro ao chão. Por que diabos aquele homem disse isso então? Na verdade, referia-se, talvez inconscientemente,  não ao fato de estar caindo, e sim ao sentimento de paz interior e aos pensamentos que teve até puxar a cordinha da realidade.
As ações prendem-nos às suas futuras consequências, portanto cada passo significa mais elos nas correntes que te prendem ao chão. A liberdade verdadeira apenas é alcançada no campo abstrato, como disse antes, em sua mente, pois lá não há regras, é o seu mundo, o seu lugar. Ela é o nosso refúgio do mundo real, é um lugar onde podemos nos livrar das limitações físicas e sermos o que desejarmos. A realidade deixa muito a desejar..
Quando você lê meu blog, tem acesso ao meu espaço, que chamo de Nutopia. Cada um tem o seu, com o nome que preferir.