Olá, velho amigo, bem sabes que já tentei procurar tempo para ti, para mim... para nós. Há muito andei perdido, ainda não sei bem onde estou. Pelas poltronas de ônibus e ruas escuras tentei achar minha sombra dentre outras milhões. Tomei como posse uma de cada vez, testando e abandonando, acumulando e misturando... Em vão, nada foi encontrado, o que queria só me aparecia diante do espelho- ou melhor, pois o que se vê no espelho é o reflexo- diante de uma folha em branco. O único instante em que sei dizer quem sou é quando escrevo, transformo tudo em palavras e em suas curvas enxergo o meu caminho. As linhas funcionam como estradas, porém, não há placas que sinalizem o caminho... Minha letra é feia, torda e escapa dos limites, por vezes é até infantil... Mas é minha, e, por esse motivo tão especial. Este é um ano complicado, terei de tomar decisões difíceis em minha vida, as coisas mudam muito rápido e, na mesma velocidade, as pessoas passam por mim, acenam e se despedem.
Então, depois de ler "branco e livre (para ninguém)" , é isso, apenas... Saudade de mim.