segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Escritores e leitores ideais

Todos os leitores e analistas de grandes obras mantêm uma busca ávida pelo escritor ideal, aquele com agudeza e engenho singulares em seus textos, mas que são capazes de transmitir suas argumentações e pensamentos até a um analfabeto funcional. Essa busca nunca cessará.
Enquanto ela ocorre, os escritores procuram pelo leitor ideal, não aquele flexível, porém inextensível e de massa desprezível, e sim daquele que compreenda seus escritos, seus jogos de palavras, de imagens, de construção, da maneira que pretendiam lhe passar, sem dar brecha à interpretações errôneas. Assim seria um interlocutor ideal. Entretanto, quando leem algo mais elaborado ou menos convencional, logo formulam teorias conspirativas, dizem que foi obra de um pacto com o diabo, que há mensagens subliminares temerosas, que é um prenuncio do apocalipse ou da formulação de uma nova ordem mundial, encontram sinais de uma abdução e contato com outras formas de vida inteligentes tão reais quanto suas alucinações, buscam apologias às drogas e ao paganismo, são mais criativos do que o próprio locutor. E depois, será o comunismo?
Existem artistas que transmitem mensagens nas entrelinhas sim, mas nem todos. Então, por que veem tudo dessa maneira, a culpa é da televisão? Talvez sim. Não há um motivo certo para isso. Acredito que tudo depende dos estados emocional, espiritual e intelectual do receptor, além de envolverem-se em sua análise sua maturidade, suas experiências, suas influências e os estímulos externos e interiores que recebe.
Escritores e leitores ideais, são ideais pessoais, portanto, sujeitos à interpretação e nunca existirão.

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